Em São Paulo, por exemplo, a partir das primeiras décadas do século XX, observou-se um processo de reordenamento urbano associado aos novos significados atribuídos ao corpo e às relações sociais. Mas foi a partir dos anos de 1920 que esse conjunto de reformas urbanas provocou, como diz a autora, uma sensação de estranhamento diante do crescimento virtuoso da urbe, de medo e fantasia diante das novas formas de trabalho, circulação, convivência e diversão, bem como de desespero em face das contradições sociais e dos contrastes urbanos que envolveram toda a população, colocando a cidade de São Paulo sob os códigos da nova ideologia,
representada como ícone dos novos estatutos simbólicos e culturais. 75 Soma-se a isso o discurso médico associado à propaganda da escola como instâncias capazes de disciplinar e orientar as atividades de diversão. Assim sendo, não poderiam deixar de incluir as modernas e educativas práticas da recreação, representando
[...] não só uma preocupação com os usos "ilícitos" do tempo livre, mas também a intervenção sobre o ócio e a alteração dos hábitos e tipos de divertimentos tradicionais. A ociosidade, entendida como produtora da violência, da criminalidade, da capoeiragem, da vagabundagem, dos vícios, das doenças e das epidemias, seria a principal atividade do cotidiano familiar a ser questionada, enquadrada e combatida. A orientação pedagógica contida nas atividades de recreação desenvolvidas na escola visava disciplinar o corpo no sentido de que, notempo livre, não se flexibilizasse com a preguiça nem com o desconforto físico.76
Nesse contexto, a educação e as práticas corporais, na forma de atividades físicas, esportes ou recreação, cumpriram uma finalidade pedagógica de orientar o cotidiano dos trabalhadores e suas famílias. Essa é uma posição muito próxima à de Carmen Soares, quando a autora se expressa sobre a relação entre o pensamento médico higienista e a educação física, destacando o papel desta na ordenação do meio urbano:
http://www.tede.ufsc.br/teses/PEED0626-D.pdf
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