•Diario Oficial:
ESTADOS UNIDOS DO BRASIL , REPUBLICA FEDERAL , ORDEM E PROCRESSO ANO LXX — 43 DA REPUBLICA — N. 233 , CAPITAL FEDERAL , SABADO, 3 OUTUBRO DE 1931, Pg. 85. Seção 1
TITULO XI, CODIGO POLICIAL, CAPITULO III, DAR INFRAÇÕES POLICIAIS E ADMINISTRATIVAS
Art. 969. Sao infrações da competencia dos Tribunais de Policia:
12, empenhar-se em luta corporal;
13, desafiar ou provocar alguein para luta em pugilato;
11. incitar, impelir, estimular luta corporal; expôr ao ridiculo o desafiado ou forçá-lo a aceitar o desafio:
27, jogar, na via publica, peteca, bola, ou praticar divertimentos analogos;
28, percorrer a cidade em blocos, cordões ou outros agrupamentos carnavalescos sem licença da. Policia;
jueves, 16 de diciembre de 2010
miércoles, 8 de diciembre de 2010
CAPOEIRA:From Senzala to Olympic Games?
CAPOEIRA, Da senzala às Olimpíadas?, From Senzala to Olympic Games?
Américo Pellegrini Filho.(1)
O professor Sérgio Luiz de Souza Vieira, da CBC, explica:
A Capoeira já sendo praticada em 48 países, estamos tentando chegar a 75 países, para podermos participar de megacompetições, do gênero de Olimpíadas. Estamos incentivando a criação de Ligas, no Brasil, e já temos 57 dessas entidades regionais; vamos fundar a Federação Mundial de Capoeira e realizaremos um congresso mundial de procedimentos, visando à sua padronização.5 Mas, ele não esconde a ocorrência daquelas atitudes de “rebeldia” por parte de capoeiristas contemporâneos: “Existe certa resistência de vários praticantes da Capoeira, quanto à padronização de procedimentos”6.
E explica que isso faz parte de uma fase de mudanças:
Para muitos, a Capoeira foi o único meio de ascensão social possível. Sabendo-se que essas pessoas tiveram sua ascensão conseguida informalmente, podem sentir-se inseguras; mas temos feito esforço para que esses capoeiristas se reciclem. Também houve oportunidade para que mestres criassem procedimentos, práticas, golpes, de maneira que formaram grandes grupos, alguns até inimigos entre si. Agora, com a Confederação e o objetivo de padronização de procedimentos e técnicas, começa a haver um choque de posições.7
Essas opiniões coincidem com as de mestre Valdenor Silva dos Santos, presidente da Federação Paulista de Capoeira:
Para se obter um reconhecimento internacional, faltam procedimentos básicos padronizados, visando a se dispor de um entendimento global, de uma linguagem universal. Os pontos mais críticos me parecem ser estes: graduações, didática e exploração da modalidade como desporto, com respeito a todos os valores advindos de um trabalho dirigido para a formação bio-psico-social do ser humano.8
Portanto, passou o tempo em que a Capoeira era uma malandragem macunaímica, objetivando derrotar o adversário e até sangrá-lo. Se se quiser que a “ginástica brasileira” alcance realmente a posição de modalidade em uma Olimpíada do século XXI, deverá ser aceita a necessidade urgente de se implantarem normas padronizadas e respeito mútuo. Até para manter características e identidade. De olho nesse futuro próximo, um slogan da Federação Paulista afirma: “Capoeira - a opção do 3º milênio”.
Conscientes da necessidade dessa padronização e de rigor nas normas, dirigentes capoeiristas reuniram-se em São Paulo no 2º Congresso Técnico Nacional de Capoeira, 1999. A pauta do evento revela essa preocupação: Código Brasileiro Disciplinar de Capoeira, conceituação de terminologia, padronização de entidades, revisão de conteúdos para aperfeiçoamento de arbitragem, criação de graduação infantil (5 a 13 anos) e outros itens. Hoje, existem cerca de 5.500 academias (ou entidades com outras denominações) de Capoeira. Além do Brasil, Argentina e Portugal têm suas federações. Com 75 países praticando o jogo atlético, poderá ser criada nova modalidade olímpica feminina; e depois, com 125 países, poderá ser aprovada a modalidade masculina. Alguns dirigentes confiam em que, para Olimpíadas vindouras, possa haver a modalidade Capoeira, já consolidada.
Nessas (desejadas) circunstâncias, haverá nomenclatura padronizada tendo por base a língua portuguesa praticada no Brasil; como ocorre hoje com outras modalidades desportivas, que mantêm sua nomenclatura na língua do país de origem. Exemplos: tatame, yuko, ippon (no judô), soling, star (classes de iatismo), set (no vôlei, no tênis, em bola-ao-cesto ou basquete) etc – termos integrados na crônica esportiva jornalística e em comentários de aficionados. No processo de institucionalização pelo qual passa a Capoeira, se os dirigentes forem felizes com a manutenção de suas características e sua identidade, ao mesmo tempo em que realçarem nela valores positivos aceitos pelas sociedades, é lícito supor que nas próximas décadas poderemos captar uma transmissão de emissora estrangeira, naturalmente em língua estrangeira, sobre acirrada disputa da nova modalidade olímpica, mais ou menos assim: “O japonês Nakamaki aplica um rabo-de-arraia no alemão Steffen Schmidt, que se livra e agora ataca com uma bananeira...!”
Tudo dentro dos padrões da santa paz desportiva das Olimpíadas modernas, sem malandragens antiéticas. Vamos torcer também para que a BBC de Londres possa transmitir: A GOLD MEDAL FOR BRAZIL, IN CAPOEIRA!.
(1) Américo Pellegrini Filho - Possui graduação em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero (1958), mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1980), doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1987), Livre-Docente (1992) e Titular (1996), pela mesma Universidade. Atualmente, aposentado, é professor-colaborador em Pós-Graduação na Escola de Comunicações e Artes-Universidade de São Paulo. Sua atuação acadêmica se prende principalmente aos seguintes temas: patrimônio cultural, turismo cultural, patrimônio natural, folclore/cultura popular, comunicação popular escrita.
Américo Pellegrini Filho.(1)
O professor Sérgio Luiz de Souza Vieira, da CBC, explica:
A Capoeira já sendo praticada em 48 países, estamos tentando chegar a 75 países, para podermos participar de megacompetições, do gênero de Olimpíadas. Estamos incentivando a criação de Ligas, no Brasil, e já temos 57 dessas entidades regionais; vamos fundar a Federação Mundial de Capoeira e realizaremos um congresso mundial de procedimentos, visando à sua padronização.5 Mas, ele não esconde a ocorrência daquelas atitudes de “rebeldia” por parte de capoeiristas contemporâneos: “Existe certa resistência de vários praticantes da Capoeira, quanto à padronização de procedimentos”6.
E explica que isso faz parte de uma fase de mudanças:
Para muitos, a Capoeira foi o único meio de ascensão social possível. Sabendo-se que essas pessoas tiveram sua ascensão conseguida informalmente, podem sentir-se inseguras; mas temos feito esforço para que esses capoeiristas se reciclem. Também houve oportunidade para que mestres criassem procedimentos, práticas, golpes, de maneira que formaram grandes grupos, alguns até inimigos entre si. Agora, com a Confederação e o objetivo de padronização de procedimentos e técnicas, começa a haver um choque de posições.7
Essas opiniões coincidem com as de mestre Valdenor Silva dos Santos, presidente da Federação Paulista de Capoeira:
Para se obter um reconhecimento internacional, faltam procedimentos básicos padronizados, visando a se dispor de um entendimento global, de uma linguagem universal. Os pontos mais críticos me parecem ser estes: graduações, didática e exploração da modalidade como desporto, com respeito a todos os valores advindos de um trabalho dirigido para a formação bio-psico-social do ser humano.8
Portanto, passou o tempo em que a Capoeira era uma malandragem macunaímica, objetivando derrotar o adversário e até sangrá-lo. Se se quiser que a “ginástica brasileira” alcance realmente a posição de modalidade em uma Olimpíada do século XXI, deverá ser aceita a necessidade urgente de se implantarem normas padronizadas e respeito mútuo. Até para manter características e identidade. De olho nesse futuro próximo, um slogan da Federação Paulista afirma: “Capoeira - a opção do 3º milênio”.
Conscientes da necessidade dessa padronização e de rigor nas normas, dirigentes capoeiristas reuniram-se em São Paulo no 2º Congresso Técnico Nacional de Capoeira, 1999. A pauta do evento revela essa preocupação: Código Brasileiro Disciplinar de Capoeira, conceituação de terminologia, padronização de entidades, revisão de conteúdos para aperfeiçoamento de arbitragem, criação de graduação infantil (5 a 13 anos) e outros itens. Hoje, existem cerca de 5.500 academias (ou entidades com outras denominações) de Capoeira. Além do Brasil, Argentina e Portugal têm suas federações. Com 75 países praticando o jogo atlético, poderá ser criada nova modalidade olímpica feminina; e depois, com 125 países, poderá ser aprovada a modalidade masculina. Alguns dirigentes confiam em que, para Olimpíadas vindouras, possa haver a modalidade Capoeira, já consolidada.
Nessas (desejadas) circunstâncias, haverá nomenclatura padronizada tendo por base a língua portuguesa praticada no Brasil; como ocorre hoje com outras modalidades desportivas, que mantêm sua nomenclatura na língua do país de origem. Exemplos: tatame, yuko, ippon (no judô), soling, star (classes de iatismo), set (no vôlei, no tênis, em bola-ao-cesto ou basquete) etc – termos integrados na crônica esportiva jornalística e em comentários de aficionados. No processo de institucionalização pelo qual passa a Capoeira, se os dirigentes forem felizes com a manutenção de suas características e sua identidade, ao mesmo tempo em que realçarem nela valores positivos aceitos pelas sociedades, é lícito supor que nas próximas décadas poderemos captar uma transmissão de emissora estrangeira, naturalmente em língua estrangeira, sobre acirrada disputa da nova modalidade olímpica, mais ou menos assim: “O japonês Nakamaki aplica um rabo-de-arraia no alemão Steffen Schmidt, que se livra e agora ataca com uma bananeira...!”
Tudo dentro dos padrões da santa paz desportiva das Olimpíadas modernas, sem malandragens antiéticas. Vamos torcer também para que a BBC de Londres possa transmitir: A GOLD MEDAL FOR BRAZIL, IN CAPOEIRA!.
(1) Américo Pellegrini Filho - Possui graduação em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero (1958), mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1980), doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1987), Livre-Docente (1992) e Titular (1996), pela mesma Universidade. Atualmente, aposentado, é professor-colaborador em Pós-Graduação na Escola de Comunicações e Artes-Universidade de São Paulo. Sua atuação acadêmica se prende principalmente aos seguintes temas: patrimônio cultural, turismo cultural, patrimônio natural, folclore/cultura popular, comunicação popular escrita.
viernes, 3 de diciembre de 2010
1865-PARAGUAY - Capoeiras en la Guerra,
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Instituto historico, geografico e ethnographico do Brasil - 1987. (pag13)
lunes, 29 de noviembre de 2010
GABIONADE, f. (termo da fortificação) capoeiras postas em ordem para cobrir os que se defendem.
A dictionary of the Portuguese and English languages, in two parts,: Portuguese and English: and English and Portuguese ... in two volumes, Volumen 2, Antonio Vieyra, printed for J. Nourse, 1773
GABIONADE, f. (termo da fortificação) capoeiras postas em ordem para cobrir os que se defendem.
GABIONADE, f. (termo da fortificação) capoeiras postas em ordem para cobrir os que se defendem.
1712- Termino CAPOEIRA (FORTIFICACIÓN)
Vocabulario portuguez e latino ...Rafael Bluteau, Collegio das Artes da Companhia de Jesu (Coimbra) no Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1712 - 654 páginas. http://books.google.com/books?id=SUIkCGif57IC&printsec=frontcover&hl=es#v=onepage&q&f=false
domingo, 28 de noviembre de 2010
1833-SAO PAULO -Prohibido cualquier tipo de LUCHA en lugar público (a libres y esclavos).
De cassange, mina, benguela a gentio da Guiné.Grupos étnicos e formação de identidades africanas na cidade de São Paulo (1800-1850) , Regiane Augusto de Mattos.
Em 1833 foi criada uma Postura na Câmara de São Paulo, proibindo, em definitivo, a prática da capoeira e determinando a pena ao infrator. O ofício abaixo traz as determinações da Postura:
“Postura da Camara Municipal d’esta cidade . Toda a pessoa, que nas Praças, ruas, casas publicas, ou em qualquer outro logar também publico, praticar ou exercer o jogo denominado = de capoeira ou qualquer outro genero de lucta, sendo livre será preza por tres dias, e pagará a multa de um a tres mil reis, e sendo captiva, será preza, e entregue a seo Senhor, para a fazer castigar na grade com 25 a 50 açoites, e quando o não faça soffrerá a mesma multa de um a três mil reis."
Paço do Conselho Geral de S. Paulo 1o. de Fevereiro de 1833 = José Bispo,
Presidente = Manuel Joaquim do Amaral Gurgel, secretário
secretaria da Camara em S. Paulo 14 de março de 1833
Jozé Xavier de Azevedo Marques”406
Em 1833 foi criada uma Postura na Câmara de São Paulo, proibindo, em definitivo, a prática da capoeira e determinando a pena ao infrator. O ofício abaixo traz as determinações da Postura:
“Postura da Camara Municipal d’esta cidade . Toda a pessoa, que nas Praças, ruas, casas publicas, ou em qualquer outro logar também publico, praticar ou exercer o jogo denominado = de capoeira ou qualquer outro genero de lucta, sendo livre será preza por tres dias, e pagará a multa de um a tres mil reis, e sendo captiva, será preza, e entregue a seo Senhor, para a fazer castigar na grade com 25 a 50 açoites, e quando o não faça soffrerá a mesma multa de um a três mil reis."
Paço do Conselho Geral de S. Paulo 1o. de Fevereiro de 1833 = José Bispo,
Presidente = Manuel Joaquim do Amaral Gurgel, secretário
secretaria da Camara em S. Paulo 14 de março de 1833
Jozé Xavier de Azevedo Marques”406
406
AESP. Ofícios Diversos da Capital, C00869, pasta 1, doc 78.
miércoles, 24 de noviembre de 2010
sábado, 20 de noviembre de 2010
1838-Rio de Janeiro- CAPOEIRA BATUQUE Y LUNDÚ
BRAZIL PITTORESCO
HISTORIA — DESGRIPÇÕES — VIAGENS— INSTITUIÇÕES
RIO DE JAINEIRO
TYPOGRAPHIA NACIONAL. 1859.
Jogos e danças dos negros.— No sábado a noite, depois do ultimo trabalho da semana, e nos dias santificados, qua trasem folga e repouso, concede-se aos negros uma ou duas horas para a dança. Reunem-se então no terreiro, chamão-se, grupão-se, incitão-se, e a festa começa. Aqui e a capoeira, especie de dança pyrrhica, de evoluçoes atrevidas e guerreiras, cadenciada pelo tambor do Congo; ali o batuque, posiçoes frias ou lascivas, que os sons da viola Urucungo acelerão ou demorão; mais alem tripodiase dança louca, na qual olhos, seios, quadris tudo, uma falia, tudo provoca, — espécie de frenesi convulsivo inebriante á que chamão lundu.
Jeux et danses des nègres.—Le samedi soir après le dernier travail de la semaine, el les jours de fèle qui donnent chômagc et repos, les noirs ont une heure ou deux de veilléc pour les danses. lis se réunissent en leur terreiro, s'appelletl, se groupent, s'agacent et les marches s'ouvrent. lei c'est la capoeira, espèce de danse pyrrhique, aux évolutions hardies et de combat, que réglele tambour du Congo; là c'est le batuque, poses froides ou lascives qu'accélère ou contient l'Uructmgo viole à cordes maigres; plus loin c'est une danse folie oii le regard, les scins et les hanclies provoquent; c'est uno espèce de convulsion enivrée qu'on appelle le lundu.
T. III. Pag.7
grifo:
BRAZIL PITTORESCO
HISTORIA — DESGRIPÇÕES — VIAGENS— INSTITUIÇÕES
RIO DE JAINEIRO
TYPOGRAPHIA NACIONAL. 1859.
Jogos e danças dos negros.— No sábado a noite, depois do ultimo trabalho da semana, e nos dias santificados, qua trasem folga e repouso, concede-se aos negros uma ou duas horas para a dança. Reunem-se então no terreiro, chamão-se, grupão-se, incitão-se, e a festa começa. Aqui e a capoeira, especie de dança pyrrhica, de evoluçoes atrevidas e guerreiras, cadenciada pelo tambor do Congo; ali o batuque, posiçoes frias ou lascivas, que os sons da viola Urucungo acelerão ou demorão; mais alem tripodiase dança louca, na qual olhos, seios, quadris tudo, uma falia, tudo provoca, — espécie de frenesi convulsivo inebriante á que chamão lundu.
Jeux et danses des nègres.—Le samedi soir après le dernier travail de la semaine, el les jours de fèle qui donnent chômagc et repos, les noirs ont une heure ou deux de veilléc pour les danses. lis se réunissent en leur terreiro, s'appelletl, se groupent, s'agacent et les marches s'ouvrent. lei c'est la capoeira, espèce de danse pyrrhique, aux évolutions hardies et de combat, que réglele tambour du Congo; là c'est le batuque, poses froides ou lascives qu'accélère ou contient l'Uructmgo viole à cordes maigres; plus loin c'est une danse folie oii le regard, les scins et les hanclies provoquent; c'est uno espèce de convulsion enivrée qu'on appelle le lundu.
T. III. Pag.7
grifo:
BRAZIL PITTORESCO
miércoles, 17 de noviembre de 2010
A FORMAÇÃO DO CENÁRIO CONTEMPORÂNEO DA CAPOEIRA.
Os Desafi os Contemporâneos da Capoeira. Luiz Renato Vieira e Matthias Röhrig AssunçãoA FORMAÇÃO DO CENÁRIO CONTEMPORÂNEO DA CAPOEIRA. Voltemos um pouco no tempo, para explicar melhor a emergência da capoeira contemporânea. No início dos anos 1970, os capoeiristas ainda tinham algo de exótico.
A própria capoeira era vista como uma manifestação cultural que buscava se afi rmar como esporte, cujo lugar “natural” seriam as comunidades mais pobres e periféricas, de população predominantemente afrodescendente. Em instituições mais elitizadas, a capoeira ainda causava extrañeza e, de fato, muitas delas fechavam suas portas para essa prática. Era necessário, portanto, um grande esforço de “organização”, dando continuidade à trajetória iniciada pelos capoeiras da primeira metade do século XX. Assim, as décadas de 70 e 80 se caracterizam como a época dos grandes projetos relacionados à capoeira, a maioria deles com algum grau de pioneirismo (embora houvesse muitas e importantes iniciativas isoladas anteriores): capoeira na escola, na universidade, para portadores de necessidades especiais, nos cursos de licenciatura em educação física, em institutos de reeducação de menores infratores, como terapia, como “ginástica brasileira” e como objeto de dissertações e teses acadêmicas. Há na literatura sobre a capoeira diversos registros de trabalhos relevantes, em todas essas áreas e em algumas outras e não é nossa proposta aqui enumerá-los. O importante é destacar esse momento de mudança na história contemporânea da capoeira. Foi nas décadas de 70 e 80, também, que a capoeira conquistou seu lugar no cenário esportivo nacional, ainda sob a égide da Confederação Brasileira de Pugilismo, e obtuve reconhecimento de vários órgãos governamentais ligados ao esporte e à educação. No início, as competições de capoeira assemelhavam-se às de outras modalidades de luta, não considerando toda a riqueza da arte, reduzindo-a a um simples esporte de combate. Aos poucos, foi-se cegando a formas mais elaboradas e completas de avaliação
dos capoeiristas e as competições fi caram muito parecidas com as próprias rodas de capoeira. Convém lembrar o papel das competições de capoeira dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs) nesse processo, como laboratório para a construção de uma visão mais global da capoeira.
É importante destacar que os anos 1980 foram também a década da expansão nacional dos grandes grupos de capoeira. 1 Firmou-se esse modelo na organização da nossa arte, apesar dos esforços de alguns pela adoção do modelo tradicional das federações. Esse, sem dúvida, foi o passo que mais se destacou na história contemporânea da capoeira: a consolidação da lógica da organização na forma de grupos, em que o professor ou mestre que se forma e organiza sua escola procura vincular-se a uma instituição já reconhecida no mercado. Pode-se, inclusive, discutir em que medida essa forma de organização contribui para preservar a diversidade e a riqueza cultural da capoeira e para o fortalecimento coletivo da arte como forma de resistência cultural. Outra tendência importante, a partir do início dos anos 1980, foi a revalorização das tradições e dos “velhos mestres”, juntamente com o fortalecimento dos grupos de capoeira angola, que ganharam muito espaço à medida que a comunidade da capoeira começava a questionar os caminhos da desportivização.2 Iniciou-se, assim, uma trajetória de reafricanização da capoeira, principalmente nos centros de prática mais tradicionais, que se refl etiu nas linguagens próprias da capoeira: na musicalidade, na instrumentação musical e até mesmo na abordagem histórica dos pesquisadores, que passaram a acentuar as origens africanas e buscar lutas ancestrais e “irmãs” da capoeira, como a ladja, da ilha caribenha Martinica, e o moringue, do Oceano Índico. O nacionalismo simplista, anteriormente tão forte, passou a dar lugar a uma visão mais global da cultura e do processo de formação da capoeira, inserindo-a na história da resistência dos africanos escravizados e de seus descendentes mundo afora. Viu-se que a capoeira precisava ser tratada como um esporte, mas que a arte não poderia ser reduzida somente ao seu aspecto desportivo. Essa abordagem culturalista, então, foi muito enfatizada a partir dos anos 1980, quando as palavras “resgate” e “bagagem” passaram defi nitivamente a fazer parte do vocabulário comum dos capoeiristas. Sintomaticamente, os capoeiristas, que tinham passado a utilizar atabaques com tarraxas, mais funcionais e fáceis de afi nar, voltaram a preferir os tambores trançados com grossas cordas de sisal. É nessa perspectiva – como cultura, e não como modalidade esportiva – que a capoeira ganha o mundo nos anos 1990. Passada a fase da afi rmação de sua riqueza no Brasil, a capoeira torna-se um fenômeno cultural de massa em escala mundial.
http://www.dc.mre.gov.br/imagens-e-textos/revista-textos-do-brasil/portugues/revista14-mat2.pdf
A própria capoeira era vista como uma manifestação cultural que buscava se afi rmar como esporte, cujo lugar “natural” seriam as comunidades mais pobres e periféricas, de população predominantemente afrodescendente. Em instituições mais elitizadas, a capoeira ainda causava extrañeza e, de fato, muitas delas fechavam suas portas para essa prática. Era necessário, portanto, um grande esforço de “organização”, dando continuidade à trajetória iniciada pelos capoeiras da primeira metade do século XX. Assim, as décadas de 70 e 80 se caracterizam como a época dos grandes projetos relacionados à capoeira, a maioria deles com algum grau de pioneirismo (embora houvesse muitas e importantes iniciativas isoladas anteriores): capoeira na escola, na universidade, para portadores de necessidades especiais, nos cursos de licenciatura em educação física, em institutos de reeducação de menores infratores, como terapia, como “ginástica brasileira” e como objeto de dissertações e teses acadêmicas. Há na literatura sobre a capoeira diversos registros de trabalhos relevantes, em todas essas áreas e em algumas outras e não é nossa proposta aqui enumerá-los. O importante é destacar esse momento de mudança na história contemporânea da capoeira. Foi nas décadas de 70 e 80, também, que a capoeira conquistou seu lugar no cenário esportivo nacional, ainda sob a égide da Confederação Brasileira de Pugilismo, e obtuve reconhecimento de vários órgãos governamentais ligados ao esporte e à educação. No início, as competições de capoeira assemelhavam-se às de outras modalidades de luta, não considerando toda a riqueza da arte, reduzindo-a a um simples esporte de combate. Aos poucos, foi-se cegando a formas mais elaboradas e completas de avaliação
dos capoeiristas e as competições fi caram muito parecidas com as próprias rodas de capoeira. Convém lembrar o papel das competições de capoeira dos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs) nesse processo, como laboratório para a construção de uma visão mais global da capoeira.
É importante destacar que os anos 1980 foram também a década da expansão nacional dos grandes grupos de capoeira. 1 Firmou-se esse modelo na organização da nossa arte, apesar dos esforços de alguns pela adoção do modelo tradicional das federações. Esse, sem dúvida, foi o passo que mais se destacou na história contemporânea da capoeira: a consolidação da lógica da organização na forma de grupos, em que o professor ou mestre que se forma e organiza sua escola procura vincular-se a uma instituição já reconhecida no mercado. Pode-se, inclusive, discutir em que medida essa forma de organização contribui para preservar a diversidade e a riqueza cultural da capoeira e para o fortalecimento coletivo da arte como forma de resistência cultural. Outra tendência importante, a partir do início dos anos 1980, foi a revalorização das tradições e dos “velhos mestres”, juntamente com o fortalecimento dos grupos de capoeira angola, que ganharam muito espaço à medida que a comunidade da capoeira começava a questionar os caminhos da desportivização.2 Iniciou-se, assim, uma trajetória de reafricanização da capoeira, principalmente nos centros de prática mais tradicionais, que se refl etiu nas linguagens próprias da capoeira: na musicalidade, na instrumentação musical e até mesmo na abordagem histórica dos pesquisadores, que passaram a acentuar as origens africanas e buscar lutas ancestrais e “irmãs” da capoeira, como a ladja, da ilha caribenha Martinica, e o moringue, do Oceano Índico. O nacionalismo simplista, anteriormente tão forte, passou a dar lugar a uma visão mais global da cultura e do processo de formação da capoeira, inserindo-a na história da resistência dos africanos escravizados e de seus descendentes mundo afora. Viu-se que a capoeira precisava ser tratada como um esporte, mas que a arte não poderia ser reduzida somente ao seu aspecto desportivo. Essa abordagem culturalista, então, foi muito enfatizada a partir dos anos 1980, quando as palavras “resgate” e “bagagem” passaram defi nitivamente a fazer parte do vocabulário comum dos capoeiristas. Sintomaticamente, os capoeiristas, que tinham passado a utilizar atabaques com tarraxas, mais funcionais e fáceis de afi nar, voltaram a preferir os tambores trançados com grossas cordas de sisal. É nessa perspectiva – como cultura, e não como modalidade esportiva – que a capoeira ganha o mundo nos anos 1990. Passada a fase da afi rmação de sua riqueza no Brasil, a capoeira torna-se um fenômeno cultural de massa em escala mundial.
http://www.dc.mre.gov.br/imagens-e-textos/revista-textos-do-brasil/portugues/revista14-mat2.pdf
sábado, 13 de noviembre de 2010
1743- BRASIL- Primeiro sistema combinado de defenza- Esporço Vigoroso ,Faca e Pau
grifo: libro:Historia do Brazil, Escrito por Robert Southey, Fernandes Pinheiro, Traducido por Luiz Joaquim de Oliveira e Castro. Publicado por B. L. Garnier, 1862. http://www.scribd.com/doc/37149368/Robert-Southey-Historia-do-Brasil-5
1743- BRASIL- Luctas y Jogos Indígenas
grifo: libro:Historia do Brazil, Escrito por Robert Southey, Fernandes Pinheiro, Traducido por Luiz Joaquim de Oliveira e Castro. Publicado por B. L. Garnier, 1862. http://www.scribd.com/doc/37149368/Robert-Southey-Historia-do-Brasil-5
viernes, 5 de noviembre de 2010
Presentada en primera instancia la FICA en SportAccord 29/10/2010
Quiero informarle que la FICA fue presentada oficialmente y en primera instancia del COI, en la entidad SportAccord –Lausana Suiza, el día 29/10/2010.
Mantuvimos una reunión de 4 horas donde por protocolo para el reconocimiento de una FI de una nueva modalidad deportiva, presenté toda la documentación exigida para tal reconocimiento. Si bien no cumplimos todos los requisitos, como ocurre con cualquier nueva FI que quiera ser reconocida y vinculada al COI, sí tenemos avanzado el 80% de dichos requisitos. Desde este momento FICA tiene el “Observer Status” de esta entidad y, como presidente de FICA, estoy desde hoy mismo trabajando para que FICA sea “Miembro de Pleno Derecho” de SportAccord en 2016 y por consiguiente:
FICA vinculada al COI.
Agradezco usted me halla dado la oportunidad de leer su tesis doctoral sobre la Capoeira pues esta lectura provocó en mí tal curiosidad que no descansaré, si las Asambleas de FICA me lo permiten, que nuestros nietos participen como Capoeiristas en alguna Olimpiada.
PD: Como dijo el último Campeón del Mundo de Mountan-Byke (español) en una rueda de prensa:” ¿A que queréis que os ganemos los españoles?
Envío certificado del “Meeting FICA-SportAccord” firmado por mí y el presidente de esta última entidad.
Por favor, haga pública esta información y el certificado adjunto.
“Jogo Bonito” .Un abrazo. Javier Rubiera.
martes, 28 de septiembre de 2010
jueves, 16 de septiembre de 2010
-Mas é um jogo bonito
A alma encantadora das ruas: crônicas
João do Rio
Companhia das Letras, 1997 - 405 páginas
Em 'A alma encantadora das ruas', reunião de textos publicados na imprensa carioca entre 1904 e 1907, João do Rio percorre as ruas do Rio de Janeiro para reter a 'cosmópolis num caleidoscópio'. A cidade será o palco das perambulações de João do Rio, o dândi para quem o hábito de flanar definia um modo de ser e um estilo de vida.
..............................................Que tem Sussu com a Epifania? Nada. Essas canções, porém, são toda a psicologia de um povo, e cada uma delas bastaria para lhe contar o servilismo, a carícia temerosa, o instinto da fatalidade que o amolece, e a ironia, a despreocupada ironia do malandro nacional.
-Mas por que, continuo eu curioso, põem vocês junto do rei Baltasar aquele boneco de cacete?
-Aquele é o rei da capoeiragem. Está perto do Rei Baltasar porque deve estar. Rei preto também viu a estrela. Deus não esqueceu a gente. Ora não sei se V. S.ª conhece que Baltasar é pai da raça preta. Os negros da Angola quando vieram para a Bahia trouxeram uma dança chamada cungu, em que se ensinava a brigar. Cungu com o tempo virou mandinga e S. Bento.
-Mas que tem tudo isso?...
-Isso, gente, são nomes antigos da capoeiragem. Jogar capoeira é o mesmo que jogar mandinga.
Rei da capoeiragem tem seu lugar junto de Baltasar. Capoeiragem tem sua religião.
Abri os olhos pasmados. O negro riu.
-V. S.ª não conhece a arte? Hoje está por baixo. Valente de verdade só há mesmo uns dez: João da Sé, Tito da Praia, Chico Bolivar, Marinho da Silva, Manuel Piquira, Ludgero da Praia, Manuel Tolo, Moisés, Mariano da Piedade, Cândido Baianinho, outros... Esses «cabras» sabiam jogar mandinga como homens...
-Então os capoeiras estão nos presepes para acabar com as presepadas...
-Sim senhor. Capoeiragem é uma arte, cada movimento tem um nome. É mesmo como sorte de jogo. Eu agacho, prendo V. S.ª pelas pernas e viro - V. S.ª virou balão e eu entrei debaixo. Se eu cair virei boi. Se eu lançar uma tesoura eu sou um porco, porque tesoura não se usa mais. Mas posso arrastar-lhe uma tarrafa mestra.
-Tarrafa?
-É uma rasteira com força. Ou esperar o degas de galho, assim duro, com os braços para o ar e se for rapaz da luta, passar-lhe o tronco na queda, ou, se for arara, arrumar-lhe mesmo o bauú, pontapé na pança. Ah! V. S.ª não imagina que porção de nomes tem o jogo. Só rasteira , quando é deitada, chama-se banda, quando com força tarrafa, quando no ar para bater na cara do cabra meia-lua.
-Mas é um jogo bonito! fiz para contentá-lo.
-Vai até o auô, salto mortal, que se inventou na Bahia.
Para aquela lição tão intempestiva, já se havia formado um grupo de temperamentos bélicos. Um rapazola falou.
-E a encruzilhada?
-É verdade, não disseste nada de encruzilhada?
E a discussão cresceu. Parecia que iam brigar.
Fora, a chuva jorrava torrencial. Um relógio pôs-se a bater preguiçosamente meia-noite. As mulatinhas cantavam tristes:
Meu rei de Ouros quem te matou?
Foi um pobre caçadô.
Mas Dudu saltou para o meio da sala. Houve um choque de palmas. E diante do quarto, onde se confundia o mundo em adoração a Deus, o negro cantou, acompanhado pelo coro:
Já deu meia-noite
o sol está pendente
um quilo de carne
para tanta gente!
Oh! Suave ironia dos malandros! Na baiúca havia alegria, parati, álcool, fantasia, talvez o amor nascido de todas aquelas danças e do insuportável cheiro do éter floral.
A alma encantadora das ruas - Joao do Rio
João do Rio
Companhia das Letras, 1997 - 405 páginas
Em 'A alma encantadora das ruas', reunião de textos publicados na imprensa carioca entre 1904 e 1907, João do Rio percorre as ruas do Rio de Janeiro para reter a 'cosmópolis num caleidoscópio'. A cidade será o palco das perambulações de João do Rio, o dândi para quem o hábito de flanar definia um modo de ser e um estilo de vida.
..............................................Que tem Sussu com a Epifania? Nada. Essas canções, porém, são toda a psicologia de um povo, e cada uma delas bastaria para lhe contar o servilismo, a carícia temerosa, o instinto da fatalidade que o amolece, e a ironia, a despreocupada ironia do malandro nacional.
-Mas por que, continuo eu curioso, põem vocês junto do rei Baltasar aquele boneco de cacete?
-Aquele é o rei da capoeiragem. Está perto do Rei Baltasar porque deve estar. Rei preto também viu a estrela. Deus não esqueceu a gente. Ora não sei se V. S.ª conhece que Baltasar é pai da raça preta. Os negros da Angola quando vieram para a Bahia trouxeram uma dança chamada cungu, em que se ensinava a brigar. Cungu com o tempo virou mandinga e S. Bento.
-Mas que tem tudo isso?...
-Isso, gente, são nomes antigos da capoeiragem. Jogar capoeira é o mesmo que jogar mandinga.
Rei da capoeiragem tem seu lugar junto de Baltasar. Capoeiragem tem sua religião.
Abri os olhos pasmados. O negro riu.
-V. S.ª não conhece a arte? Hoje está por baixo. Valente de verdade só há mesmo uns dez: João da Sé, Tito da Praia, Chico Bolivar, Marinho da Silva, Manuel Piquira, Ludgero da Praia, Manuel Tolo, Moisés, Mariano da Piedade, Cândido Baianinho, outros... Esses «cabras» sabiam jogar mandinga como homens...
-Então os capoeiras estão nos presepes para acabar com as presepadas...
-Sim senhor. Capoeiragem é uma arte, cada movimento tem um nome. É mesmo como sorte de jogo. Eu agacho, prendo V. S.ª pelas pernas e viro - V. S.ª virou balão e eu entrei debaixo. Se eu cair virei boi. Se eu lançar uma tesoura eu sou um porco, porque tesoura não se usa mais. Mas posso arrastar-lhe uma tarrafa mestra.
-Tarrafa?
-É uma rasteira com força. Ou esperar o degas de galho, assim duro, com os braços para o ar e se for rapaz da luta, passar-lhe o tronco na queda, ou, se for arara, arrumar-lhe mesmo o bauú, pontapé na pança. Ah! V. S.ª não imagina que porção de nomes tem o jogo. Só rasteira , quando é deitada, chama-se banda, quando com força tarrafa, quando no ar para bater na cara do cabra meia-lua.
-Mas é um jogo bonito! fiz para contentá-lo.
-Vai até o auô, salto mortal, que se inventou na Bahia.
Para aquela lição tão intempestiva, já se havia formado um grupo de temperamentos bélicos. Um rapazola falou.
-E a encruzilhada?
-É verdade, não disseste nada de encruzilhada?
E a discussão cresceu. Parecia que iam brigar.
Fora, a chuva jorrava torrencial. Um relógio pôs-se a bater preguiçosamente meia-noite. As mulatinhas cantavam tristes:
Meu rei de Ouros quem te matou?
Foi um pobre caçadô.
Mas Dudu saltou para o meio da sala. Houve um choque de palmas. E diante do quarto, onde se confundia o mundo em adoração a Deus, o negro cantou, acompanhado pelo coro:
Já deu meia-noite
o sol está pendente
um quilo de carne
para tanta gente!
Oh! Suave ironia dos malandros! Na baiúca havia alegria, parati, álcool, fantasia, talvez o amor nascido de todas aquelas danças e do insuportável cheiro do éter floral.
A alma encantadora das ruas - Joao do Rio
1882-Aluísio Azevedo "jogo da capoeira"
Título original: Girândola de Amores
autor: Aluísio Azevedo
gênero: Romance
ano de lançamento: 1882
Nº de páginas: 203
.....................Uma semana depois, recebeu dela uma carta. Pedia-lhe que aparecesse. «Ele estava um ingrato; também isso não admirava, porque, segundo o que Olímpia ouvira dizer, Gregório não perdia uma noite do Alcazar, e andava apaixonado por uma francesa. Ela sabia de bonitas coisas a seu respeito!» Falou em certa orgia no Hotel Paris. A carta terminava pedindo ao rapaz que fosse domingo jantar com Olímpia. A viúva Guterres estaria presente e desejava conhecê-lo.
Gregório leu cinco ou seis vezes aquelas palavras.
-Devia ou não devia ir?...
Não foi. Mandou um bilhete, pedindo desculpas, e não apareceu.
Um mês depois, nova carta. Era mais extensa e mais recriminatória; Olímpia queixava-se amargamente do proceder de Gregório e pedia-lhe ternamente que a fosse ver. Ele ainda desta vez não foi.
Entretanto Gregório principiava a ganhar reputação de estroina. Um dos seus companheiros da pândega era o padre Beleza; padre ainda moço e levado da breca. À noite metia-se em roupas seculares, escondia a coroa e atirava-se para o Alcazar, onde floresciam nesse belo tempo as pernas da Aimé. O Beleza era quase sempre cabeça de motim e jogava capoeira como os mais entendidos da matéria. Contavam dele façanhas terríveis. O bispo não conseguia corrigi-lo.
autor: Aluísio Azevedo
gênero: Romance
ano de lançamento: 1882
Nº de páginas: 203
.....................Uma semana depois, recebeu dela uma carta. Pedia-lhe que aparecesse. «Ele estava um ingrato; também isso não admirava, porque, segundo o que Olímpia ouvira dizer, Gregório não perdia uma noite do Alcazar, e andava apaixonado por uma francesa. Ela sabia de bonitas coisas a seu respeito!» Falou em certa orgia no Hotel Paris. A carta terminava pedindo ao rapaz que fosse domingo jantar com Olímpia. A viúva Guterres estaria presente e desejava conhecê-lo.
Gregório leu cinco ou seis vezes aquelas palavras.
-Devia ou não devia ir?...
Não foi. Mandou um bilhete, pedindo desculpas, e não apareceu.
Um mês depois, nova carta. Era mais extensa e mais recriminatória; Olímpia queixava-se amargamente do proceder de Gregório e pedia-lhe ternamente que a fosse ver. Ele ainda desta vez não foi.
Entretanto Gregório principiava a ganhar reputação de estroina. Um dos seus companheiros da pândega era o padre Beleza; padre ainda moço e levado da breca. À noite metia-se em roupas seculares, escondia a coroa e atirava-se para o Alcazar, onde floresciam nesse belo tempo as pernas da Aimé. O Beleza era quase sempre cabeça de motim e jogava capoeira como os mais entendidos da matéria. Contavam dele façanhas terríveis. O bispo não conseguia corrigi-lo.
martes, 14 de septiembre de 2010
jueves, 9 de septiembre de 2010
1888-Indios Caiangans EN COMBATE SIMULADO ¿XONDARO?
Author: Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (Brazil)
Volume: 51
Publisher: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil : O Instituto
Year: 1888
Possible copyright status: NOT_IN_COPYRIGHT
Language: Portuguese
Collection: americana
Lima Campos localizou a origem da capoeira nos distúrbios da Independência, “pela necessidade do independente, fisicamente fraco [o mestiço brasileiro], de se defender ou agredir o expossessor robusto [o português]”. Negava ou diluía, outra vez, as origens escravas da capoeira, e até reclamava uma origem indígena para a arte:
Creou-a o espírito inventivo do mestiço, porque a capoeira não é portuguesa nem é negra, é mulata, é cafusa e é mameluca, isto é – é cruzada, é mestiça, tendo-lhe o mestiço anexado, por princípios atávicos e com adaptação inteligente, a navalha do fadista da mouraria lisboeta alguns movimentos sambados e simiescos do africano e, sobreudo, a agilidade, a levipedez felina e pasmosa do índio nos saltos rápidos, leves e imprevistos para um lado e outro, para vante e, surpreendentemente,como um tigrino real, para trás, dando sempre a frente ao inimigo. (L. C., 1906)
A invenção de uma ancestralidade indígena, conforme o modelo romântico
do século XIX, oferecia a vantagem de conferir um caráter mais nobre
(como o bom selvagem da Ilustração setecentista) e mais autenticamente
brasileiro à capoeira. Além do mais, a inclusão de algum elemento indígena
nas origens da arte se enquadra melhor com a ideia fixa de que tudo o que é autenticamente brasileiro provém da mestiçagem entre as “três raças” formadoras. De fato, até o presente há autores que afirmam
que Anchieta ou Martim Afonso de Souza presenciaram os povos tupi jogando capoeira (BRASIL, [1994?], p. 1).
fuente: Antropolítica N iterói, n. 24, p. 19-40, 1. sem. 2008
Volume: 51
Publisher: Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil : O Instituto
Year: 1888
Possible copyright status: NOT_IN_COPYRIGHT
Language: Portuguese
Collection: americana
Lima Campos localizou a origem da capoeira nos distúrbios da Independência, “pela necessidade do independente, fisicamente fraco [o mestiço brasileiro], de se defender ou agredir o expossessor robusto [o português]”. Negava ou diluía, outra vez, as origens escravas da capoeira, e até reclamava uma origem indígena para a arte:
Creou-a o espírito inventivo do mestiço, porque a capoeira não é portuguesa nem é negra, é mulata, é cafusa e é mameluca, isto é – é cruzada, é mestiça, tendo-lhe o mestiço anexado, por princípios atávicos e com adaptação inteligente, a navalha do fadista da mouraria lisboeta alguns movimentos sambados e simiescos do africano e, sobreudo, a agilidade, a levipedez felina e pasmosa do índio nos saltos rápidos, leves e imprevistos para um lado e outro, para vante e, surpreendentemente,como um tigrino real, para trás, dando sempre a frente ao inimigo. (L. C., 1906)
A invenção de uma ancestralidade indígena, conforme o modelo romântico
do século XIX, oferecia a vantagem de conferir um caráter mais nobre
(como o bom selvagem da Ilustração setecentista) e mais autenticamente
brasileiro à capoeira. Além do mais, a inclusão de algum elemento indígena
nas origens da arte se enquadra melhor com a ideia fixa de que tudo o que é autenticamente brasileiro provém da mestiçagem entre as “três raças” formadoras. De fato, até o presente há autores que afirmam
que Anchieta ou Martim Afonso de Souza presenciaram os povos tupi jogando capoeira (BRASIL, [1994?], p. 1).
fuente: Antropolítica N iterói, n. 24, p. 19-40, 1. sem. 2008
miércoles, 8 de septiembre de 2010
domingo, 5 de septiembre de 2010
viernes, 3 de septiembre de 2010
martes, 31 de agosto de 2010
1832- SAO PAULO- Jogo de escravos vulgarmente chamado "capoeira"
FUENTE: Espécie: Ofício Local: São Paulo
Data: 17/11/1832 Remetente: Vereadores da Câmara Municipal
Destinatário: Presidente da Província
Anexos: n/c
Teor: Sobre o pedido do Conselho de Governo para que a Câmara providenciasse uma Postura sobre a "Capoeira", informa que esta Câmara já o possui.
http://www.arquivoestado.sp.gov.br/viver/poder.php
Data: 17/11/1832 Remetente: Vereadores da Câmara Municipal
Destinatário: Presidente da Província
Anexos: n/c
Teor: Sobre o pedido do Conselho de Governo para que a Câmara providenciasse uma Postura sobre a "Capoeira", informa que esta Câmara já o possui.
http://www.arquivoestado.sp.gov.br/viver/poder.php
lunes, 30 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
lunes, 23 de agosto de 2010
domingo, 22 de agosto de 2010
viernes, 13 de agosto de 2010
jueves, 12 de agosto de 2010
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