jueves, 10 de septiembre de 2009

"Nosso Jogo"


PARA ALÉM DAS METODOLOGIAS PRESCRITIVAS NA
EDUCAÇÃO FÍSICA: A POSSIBILIDADE DA CAPOEIRA
COMO COMPLEXO TEMÁTICO NO CURRÍCULO DE
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
JOSÉ LUIZ CIRQUEIRA FALCÃO*


.......Em 1922, o escritor Coelho Neto (1922) publicou o artigo “Nosso Jogo”, no qual apresenta uma proposta de inclusão da capoeira nas escolas civis e militares, chamando a atenção para a excelência desta como ginástica e estratégia de defesa individual. 1928- Aníbal Burlamaqui, um oficial da Marinha do Rio de Janeiro, publica o livro Ginástica nacional (capoeiragem): methodisada e regrada, no qual apresenta regras para o jogo esportivo da capoeira. Esta obra é apresentada com certo ufanismo à sociedade da época, como um “grito de
brasilidade”, como possibilidade de libertação da influência dos “sports estrangeiros” e para destruir o “archaico e tolo preconceito de que a ‘GYMNASTICA BRASILEIRA’ – a capoeiragem – desdoura a quem a pratica” (sic!) (BURLAMAQUI, 1928, p. 9). Segundo o prefaciador da obra, Mario Santos, trata-se de um livro “modesto, prático e útil”, que apresenta regras esportivas para tornar um “gymnasta brasileiro” capaz de vencer os de outras lutas estrangeiras. Ao defender a capoeira, Burlamaqui o fazia sob o argumento de que ela era superior ao boxe, à luta romana e à luta japonesa, pois reunia elementos de todas elas e ainda estava associada à “inteligência e à vivacidade peculiares ao tropicalismo dos nossos sentimentos” (BURLAMAQUI, 1928, p. 5). Essas propostas metodológicas para o ensino da capoeira expressavam uma concepção elitista de educação e estavam sintonizadas com os códigos nacionalistas, higienizadores e eugênicos que hegemonicamente impregnavam as propostas e os programas para a educação brasileira do final do século XIX e início do século XX. Apesar de essas propostas prescritivas expressarem os desejos de segmentos das elites da época, elas não foram amplamente difundidas, nem tampouco, efetivamente implementadas e acolhidas pelas escassas instituições de ensino de então.

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as propostas de Moraes Filho, Coelho Neto, O.D.C., Aníbal Burlamaqui e Inezil Penna Marinho não adquiriram grandes repercussões no meio capoeirano, a famosa metodologia de Bimba e a engajada proposta de Pastinha ganharam os quatro cantos do mundo, embora em níveis distintos
de inserção e divulgação.

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