LIBRETO :Escola do Soldado Força Pública de Sao Paulo Paul Balagny ed.TYP Casa Garraux 1912 4ed
Herói, vilão ou mequetrefe: a representação da polícia
e do policial no Império e na Primeira República
André Rosemberg1
Herói, vilão ou mequetrefe: a representação da polícia
e do policial no Império e na Primeira República
André Rosemberg1
.................A chegada de uma Missão Francesa, em 1906, é apenas o aspecto mais saliente dessas
transformações. Outras mudanças escortaram a arribada dos oficiais de Paul Balagny – coronel do Exército francês responsável pela instrução –; medidas que convergiram para a profissionalização da corporação, cuidando, de um lado, da instrução geral e do treinamento de praças e oficiais, fomentando o desenvolvimento e a concentração de um savoir faire especializado e exclusivo do policial, alheio à população em geral; e, de outro, que visavam a desenvolver e estreitar laços de solidariedade corporativa entre os soldados – enfim, um esprit de corps urdido e tutelado pela cúpula administrativa, incutindo no policial disciplina, apego corporativo e orgulho de pertencimento...........................................................................
...................Muito discrepante é a figura do policial representada em Escola do Soldado, espécie
de manual organizado por Paul Balagny, chefe da Missão Francesa, publicado pela primeira
vez em 1907 (BALAGNY, 1912). Nesse manual ilustrado, que serviu de instrução para a tropa, o oficial francês descreve várias técnicas de instrução para as praças de infantaria da então Força Pública do Estado de São Paulo – são exercícios físicos, de luta, de tiro, de marcha etc. As fotosilustrativas mostram um policial altivo, impávido, bem fardado, torso inflado, bem nutrido, branco e portando um hirsuto bigode, a reforçar a virilidade militar e a masculinidade inerente a seu papel social.18 Esses traços visíveis e ratificantes da autoridade pessoal, da altivez do soldado da Força Pública, do “pequeno exército paulista”, expressão de um discurso minuciosamente construído, estão ausentes dos desenhos do pasquim. Lá, mesmo a farda e o armamento parecem mambembes e inofensivos.
transformações. Outras mudanças escortaram a arribada dos oficiais de Paul Balagny – coronel do Exército francês responsável pela instrução –; medidas que convergiram para a profissionalização da corporação, cuidando, de um lado, da instrução geral e do treinamento de praças e oficiais, fomentando o desenvolvimento e a concentração de um savoir faire especializado e exclusivo do policial, alheio à população em geral; e, de outro, que visavam a desenvolver e estreitar laços de solidariedade corporativa entre os soldados – enfim, um esprit de corps urdido e tutelado pela cúpula administrativa, incutindo no policial disciplina, apego corporativo e orgulho de pertencimento...........................................................................
...................Muito discrepante é a figura do policial representada em Escola do Soldado, espécie
de manual organizado por Paul Balagny, chefe da Missão Francesa, publicado pela primeira
vez em 1907 (BALAGNY, 1912). Nesse manual ilustrado, que serviu de instrução para a tropa, o oficial francês descreve várias técnicas de instrução para as praças de infantaria da então Força Pública do Estado de São Paulo – são exercícios físicos, de luta, de tiro, de marcha etc. As fotosilustrativas mostram um policial altivo, impávido, bem fardado, torso inflado, bem nutrido, branco e portando um hirsuto bigode, a reforçar a virilidade militar e a masculinidade inerente a seu papel social.18 Esses traços visíveis e ratificantes da autoridade pessoal, da altivez do soldado da Força Pública, do “pequeno exército paulista”, expressão de um discurso minuciosamente construído, estão ausentes dos desenhos do pasquim. Lá, mesmo a farda e o armamento parecem mambembes e inofensivos.
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