jueves, 10 de septiembre de 2009

A CAPOEIRA NO RIO DE JANEIRO 1910 – 1950: NARRATIVAS DE MESTRE CELSO







O REMO ATRAVÉS DOS TEMPOS
2ª EDIÇÃO
DAS ORIGENS ATÉ 31/12/1990
HENRIQUE LICHT
1931-01/10

Alguns meses após o término da Revolução de 1930, foi decida a ampliação do efetivo da Policia Especial do Distrito Federal, passando a ser recrutados remadores dos clubes do Rio de Janeiro, especialmente do Vasco da Gama, Guanabara e Flamengo, além de lutadores profissionais de box e catch. Estes remadores tiveram destacadas participações em regatas e campeonatos, além de integrarem uma guarnição famosa, o “oito da Polícia Especial”.
http://www.crpiraque.com.br/o_remo_atraves_dos_tempos_2a_edicao.pdf

A CAPOEIRA NO RIO DE JANEIRO 1910 – 1950: NARRATIVAS DE MESTRE CELSO
Gabriel da Silva Vidal CidGraduando em História da Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO)

...........Na década de 1930 Sinhozinho ensinava e praticava capoeira em academias e instituições militares, sua capoeira visava um tipo de eficiência que a diferencia da capoeira atual.
Quando perguntado sobre a capoeira do Sinhozinho, Mestre Celso nos respondeu:

"Não cheguei a ver não, na polícia especial tinha uns caras que diziam que eram capoeiristas do Sinhozinho, naquela época eu não cheguei a ver. Eu era garoto meu irmão foi guarda civil. Meu irmão não chegou a fazer isso não, a ser capoeirista do Sinhozinho. Na polícia especial tinha capoeira." (Mestre Celso, 23/04/2002)

Durante o período do Estado Novo houve um rearranjo político onde as classes médias urbanas ganharam a possibilidade de uma maior expressividade, havendo um "discurso dirigido às classes trabalhadoras, fundamentado nos argumentos da ordem e da disciplina" (VIEIRA, 1995:57). Esta cidade disciplinada passa a isolar as atividades populares ou controla-las, é o caso da capoeira. Deste modo, em 1934 Getúlio extingue o decreto que proibia a capoeira, embora já fosse divulgada dentro das instituições militares. Posteriormente a este período, o que temos são resquícios destas manifestações populares, que acreditamos serem próximas a capoeira, que podemos exemplificar com depoimentos de Mestre Celso.

"O que eu vi, em 1954 eu era garoto. Eu vi um rapaz que trabalhava numa fábrica de vidro um rapaz negro, pessoal chamava ele de Maneca. Ele jogava capoeira, meu irmão brincava com ele de briga, e ele. Meu irmão as vezes dava chute nele soco ele descia no chão ele dava meia lua saia na negativa ele jogava capoeira. ele fazia algumas coisas de capoeira ele devia ser um capoeirista. Mas, não vi assim ele jogar capoeira com uma outra pessoa né. Vi dois capoeiristas jogarem capoeira já em 1959, eu vi dois capoeiristas jogarem capoeira em 1959, esses dois capoeiristas eram aluno do Arthur Emídio isso em Ramos 1959." (Mestre Celso, 23/04/2002).

Quando perguntamos se aquilo era capoeira Mestre Celso respondeu:

"A gente não dizia que era capoeira não. Dizia que ele era um cara malandro, né. Eu tinha um primo que também, teve preso na ilha Grande. Americano, né o apelido dele era Americano. Esse meu primo fazia também algumas coisas de capoeira rolava no chão jogava a perna dava cabeçada, mas ele já dizia que aquilo era tiririca, eles faziam lá na Ilha Grande no presídio. Não diziam que era capoeira." (Mestre Celso, 23/04/2002).

Embora Mestre Celso se refira a estes movimentos como sendo típicos da capoeira, foi enfático ao dizer que apenas viu roda de capoeira depois que Arthur Emídio veio para o Rio de Janeiro.

"Olha, o Rio de Janeiro que eu sei, roda de capoeira era feita. Primeira vez que eu vi roda de capoeira foi numa academia do Arthur Emídio na praça Mauá, em 1959. Eu vi ele tocando Berimbau, alias, ele o Paraná tocando berimbau, e alguns capoeiristas jogando capoeira, em 1959 né." (Mestre Celso, 23/04/2002).

Sobre as rodas de pernada, prática que alguns autores colocam como sendo transformações ou resquícios da capoeira, nosso entrevistado acrescenta:

"Agora, o que cantava no Rio de Janeiro, assim em praça nas praças. Eles botavam roda de pernada. Eles batiam no tamanco, um tamanco contra o outro. Ou se não na caixa de fósforo. E cantavam: abre a roda menina; desce o samba a direita (...). E ali um dava pernada no outro. Era roda de pernada ali não era nada de capoeira. por que não tinha capoeira no Rio." (Mestre Celso, 23/04/2002).

E diferencia também a tiririca da capoeira e a roda de pernada:

"O meus primos diziam que, a respeito de tiririca. Tiririca o camarada jogava aqui no chão, e metia a perna no cara no chão, no que tava em pé, ai o cara caia assim jogava a mão assim, e assim, e assim, e assim, daqui a pouco ele metia a perna ou se não ele já fazia assim dava uma cabeçada. Era um negócio que não era capoeira." (Mestre Celso, 23/04/2002)
http://www.unirio.br/morpheusonline/Número%2003%20-%20especial%20memória/gabrielcid.htm

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