sábado, 20 de febrero de 2010

1932, O ANO QUE DEU SAMBA, CARNAVAL E FUTEBOL


TERCEIRA MARGEM
REVISTA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA LITERATURA
ANO X • NO 14 • JANEIRO-JUNHO / 2006
1932, O ANO QUE DEU SAMBA, CARNAVAL E FUTEBOL
Marcelino Rodrigues da Silva
Em outubro de 1931, por exemplo, as páginas esportivas d’O Globo deram grande destaque a um desafio entre lutadores de jiu-jitsu e capoeira, torcendo desbragadamente pelos capoeiristas e registrando, em tom de entusiasmo nacionalista, os detalhes mais exóticos do espetáculo protagonizado por seus seguidores:
Em matéria de música, danças regionais, fala-se muito aqui. Mas quantas músicas e
quantas danças brasileiras, bem brasileiras, se conservam quase totalmente ignoradas por grande parte de nosso público. É o caso da batucada que na noite do dia 22 será transportada para o palco pela primeira vez. (...) Ninguém resiste à beleza estranha do espetáculo, sobretudo porque há nele, nas suas cores, nos seus sons, uma nota brasileira impressionante. (...) Nada podia ser mais nacional, mais nosso, que deitasse, como a “batucada”, raízes tão profundas na terra em que pisamos e no nosso espírito. Resta-nos, ainda, como nota também brasileiríssima, a capoeira. (...) Nasceu na rua e é muito menos técnica do que o jiu-jitsu. Os seus golpes repontaram inesperadamente, num belo dia, numa briga de rua. A capoeira se defende segundo as necessidades do momento, as exigências do conflito e o valor do adversário. Tem recursos para tudo, contra-golpes mortais, negaças que desorientam, trucs que desarmam. (...) Contra o científico, técnico jiu-jitsu, a malícia diabólica do malandro!

(O Globo, 20 out. 1931, primeira edição).
http://www.letras.ufrj.br/ciencialit/terceiramargemonline/numero14/terceiramargem14.pdf

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