BRASIL - Graciliano Ramos, em 1921: “Pensa-se em introduzir o futebol, nesta terra. É uma lembrança que, certamente, será bem recebida pelo público, que, de ordinário, adora as novidades. Vai ser, por algum tempo, a mania, a maluqueira, a ideia fixa de muita gente. (...) A cultura física é coisa que está entre nós inteiramente descurada. Temos esportes, alguns propriamente nossos, (...) de cunho regional, mas por desgraça estão abandonados pela débil mocidade de hoje. (...) Somos, em geral, franzinos, mirrados, fraquinhos, de uma pobreza de músculos lastimável. (...) Fisicamente falando, somos uma verdadeira miséria. Moles, bambos, murchos, tristes – uma lástima! Pálpebras caídas, beiços caídos, braços caídos, um caimento generalizado que faz de nós o ser desengonçado, bisonho, indolente, com ar de quem repete, desenxabido e encolhido, a frase pulha que se tornou popular: «Me deixa...». (...) Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacête, a faca de ponta, por exemplo? (...) Ora, parece-me que o futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve. (...) Reabilitem
os esportes regionais, que aí estão abandonados: o porrete, o cachação, a queda de braço, a corrida a pé, tão útil a um cidadão que se dedica ao arriscado ofício de furtar galinhas, a pega de bois, o salto, a cavalhada, e, melhor quetudo ,o camba-pé, a rasteira.
A rasteira!
Este, sim, é o esporte nacional por excelência!
melhor quetudo, o
(...) Cultivem a rasteira, amigos!
(...) Dediquem-se à rasteira, rapazes!”
in O Índio, “Palmeira dos Índios”,
10 de Abril de 1921
http://www.fl.ul.pt/aclus/Boletins/Bol_4_Jul_02.pdf
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