sábado, 19 de diciembre de 2009

Capoeiragem ,Joao do Rio e Coelho Neto, eximio capoeirista




História e linguagens: texto, imagem, oralidade e representações‎ - Página 207Antônio Herculano Lopes, Mônica Pimenta Velloso, Sandra Jatahy Pesavento - 2006 - 348 páginas
Na sua juventude, Coelho Neto fizera parte desse grupo que, reunido sob a ... Entrevistado por João do Rio, em 1905, na famosa enquete de Momento literário, ...


ARTÍCULO:


MINISTÉRIO DA CULTURA


Fundação Biblioteca Nacional


Departamento Nacional do Livro


A ALMA ENCANTADORA DAS RUAS


João do Rio


Nota: Em 1908, iluminada pelas primeiras luzes da modernidade, o Rio de Janeiro já se revelava, aos olhos mais sensíveis, como uma cidade multifacetada, fascinante, efervescente na democracia da ruas. Nesse ano, um cronista lança o livro "A alma encantadora das ruas", em que observa, deslumbrado, as novas relações sociais que se desenham no coração daquela seria mais tarde chamada a Cidade Maravilhosa. Seu nome: João do Rio................— Sim senhor. Capoeiragem é uma arte, cada movimento tem um nome. É mesmo comosorte de jogo. Eu agacho, prendo V. Sa pelas pernas e viro — V. Sa virou balão e eu entrei debaixo. Se eu cair virei boi. Se eu lançar uma tesoura eu sou um porco, porque tesoura não seusa mais. Mas posso arrastar-lhe uma tarrafa mestra.— Tarrafa?— É uma rasteira com força. Ou esperar o degas de galho, assim duro, com os braçospara o ar e se for rapaz da luta, passar-lhe o tronco na queda, ou, se for arara, arrumar-lhemesmo o bauú, pontapé na pança. Ah! V. Sa não imagina que porção de nomes tem o jogo. Sórasteira, quando é deitada, chama -se banda, quando com força tarrafa, quando no ar parabater na cara do cabra meia -lua.— Mas é um jogo bonito! fiz para contentá-lo.— Vai até o auô, salto mortal, que se inventou na Bahia.Para aquela lição tão intempestiva, já se havia formado um grupo de temperamentosbélicos. Um rapazola falou.— E a encruzilhada?— É verdade, não disseste nada de encruzilhada?E a discussão cresceu. Parecia que iam brigar.


1 comentario:

  1. “ – Então os capoeiras estão nos presepes para acabar com as presepadas...
    – Sim senhor. Capoeiragem é uma arte, cada movimento tem um nome. É mesmo como sorte de jogo. Eu agacho, prendo V.S. pelas pernas e vir V.S. virou balão e eu entrei debaixo . Se eu cair virei boi. Se eu lançar uma tesoura eu sou um porco , porque tesoura não se usa mais. Mas posso arrastar-lhe uma tarrafa mestra.
    – Tarrafa?
    – É uma rasteira com força. Ou esperar o degas de galho, assim duro, com os braços para o ar e se for rapaz da luta, passar-lhe o tronco na queda, ou, se for arara , arrumar-lhe mesmo o baú, pontapé na pança. Ah! V.S. não imagina que
    porção de nomes tem o jogo. Só rasteira, quando é deitada, chama -se banda, quando com força tarrafa , quando no ar para bater na cara do cabra meia -lua...”
    (RIO, J. do. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. [1908]
    : 130)

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