TURBIIVHÃO 215-215
O seu ideal era viver como o Junqueira, o impassível Junqueira que, com um charuto na boca, balançando a perna, perdia dezenas de contos com a mesma serenidade, com a mesma superior indifferença com que estourava as bancas em dias felizes. Afinal —com quanto entrara? Com vinte mil réis, tendo perdido dez na espelunca do Cordeiro.
Não tornava áquelle antro, onde se falava uma algaravia impenetrável e o ar era todo fumo e despejados bafos d'alcool. A gente era uma canalha; capoeiras, gatunos, até um Castro, por alcunha o Faísca, que era dos mais assíduos, sempre obsceno, e bravateador, mostrava navalhas celebres, entre ellas, uma mais querida, de lamina gasta, que rasgara ventres. Não lhe convinha aquillo.
Falar com o Junqueira era até chie, porque sempre o via em boas rodas, mas comprimentar qualquer daquelles typos do antro, era uma vergonha que o compromettia.
340- XVII
Habituada a viver entre valentes, homens atrevidos que não recuavam diante de perigo algum, achava desprezivcl o seu novo amante. Percebera- lhe a fraqueza, o medo, e aborreceu-o. Lá fora estava o homem de -temido, o capoeira apontado por todos como um heroe. As suas façanhas eram celebres, os próprios companheiros respeitavanino e, pensando nelle, sentiu-se attrahida. Deu d'hombros e, levantando-se, abriu resolutamente a janella e debruou-se. Alamede avistou-a; sorriu, um sorriso mau, de ameaça. Ella fez-lhe signal, chamando-o.
fuente: Turbilhão [microform] (1918), (2ª ed.), Author: Coelho Netto, Henrique, 1864-1934, Publisher: Porto : Livraria Chardron, Rua das Carmelitas, 144, Language: Portuguese
martes, 8 de febrero de 2011
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