UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
NEUBER LEITE COSTA
Capoeira,Trabalho e Educaçao
.....................Ângelo Augusto Decânio (Mestre Decânio-Foto), outro importante aluno de mestre Bimba, na pesquisa de Costa (2001), também relatou que ele falava que a capoeira por si ó já era aquecimento e desaquecimento. A Regional sofreu inferências de seus praticantes, os quais, por sua vez, sofriam influências da sociedade daquela época. Os métodos de ginástica se enquadram nessa lógica de pensamento, atingindo em conteúdo e forma o trato com esse
conhecimento.
Nunca, ele nunca me ensinou ginástica [...] naquele tempo havia predominância da escola Francesa, que foi introduzida pelo Exército. Então qualquer atividade física era começada por aquecimento; a fase dos exercícios propriamente ditos e tinha a fase de desaquecimento ou de
retorno ao repouso [...] No começo Bimba fazia umas flexões inocentes: levantar a perna, agachar e tal e coisa [...] fazia um aquecimento sumário. A capoeira não depende de aquecimento nem ginástica nenhuma (DECÂNIO, apud COSTA, 2001, p. 33).
Decânio, apud Costa (2001), afirma que ele, juntamente com Cisnando e o Mestre Bimba, conversaram – "sempre a palavra final era do Mestre" – e resolveram que a capoeira não necessitava desses exercícios. Sendo assim, Bimba retoma as aulas de capoeira, em nossa opinião como devem acontecer, através da própria Capoeira. Contudo, posteriormente, podemos perceber que outros mestres da mesma época de Bimba, já no final da década de 60, utilizavam métodos ginásticos para ministrarem aulas de capoeira e descobrimos também que as aulas de Bimba, mais uma vez, foram envolvidas indiretamente por esses métodos.
Possivelmente eu, sem querer, introduzi essa questão da ginástica dentro da capoeira, porque na época eu já era atleta e gostava dessa parte de ginástica e depois em 1969 já comecei dar aula de ginástica e muitos colegas principalmente na aula de 2h e 3h pediam para que eu puxasse a aula. Então, puxar é fazer um aquecimento ali, antes da seqüência e até em
alguns momentos exercícios abdominais, ali. E então Mestre Bimba também nunca questionou essa situação e eu fazia aquelas corridas, levantamento, deita, levanta, corre muda de direção, entendeu? E algumas brincadeiras assim. E eram muito bem aceitas, mas, não com essa intenção também de criar essa expectativa, era uma coisa de forma bem natural, bem
espontânea de solicitação dos amigos ali, etc. Mas, que possivelmente isso acabou criando uma cultura hoje que é muito comum as pessoas fazer o aquecimento até mesmo por conta dos professores de Educação Física quando estão ministrando capoeira sabem da importância do aquecimento (CAMPOS apud COSTA, 2001, p. 32).
Realmente, a Capoeira Regional foi influenciada pela sociedade da época, através dos métodos de ginástica, e mestre Bimba, mesmo não concordando, acabou de um modo ou de outro, permitindo essa interferência, embora esse procedimento retarde a aula propriamente de capoeira.
Todavia já era tarde demais para uma possível retomada dos seus alunos e de outros capoeiristas que ajudaram a divulgar esse tipo de ensinamento da capoeira com exercícios ginásticos. Esse fenômeno extrapola os limiares da capoeira Regional e sua metodologia de ensino. Essas transformações se complicam ainda mais com alguns acontecimentos, como a inclusão, em 1961, da capoeira no currículo de ensino da Polícia Militar do Estado da Guanabara; a institucionalização da Confederação Brasileira de Pugilismo (CBp), em 1992; a oficialização da capoeira como esporte a 26 de dezembro de 1972, por intermédio do Departamento Especial de Capoeira, com regulamentos e normas para sua prática desportiva; a criação da primeira Federação Esportiva de Capoeira, em São Paulo e sua inserção, como já citamos, nas universidades como disciplina dos cursos de Educação Física.
http://www.grupomel.ufba.br/textos/download/monografias/capoeira_trabalho_e_educacao.pdf
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
NEUBER LEITE COSTA
Capoeira,Trabalho e Educaçao
.....................Ângelo Augusto Decânio (Mestre Decânio-Foto), outro importante aluno de mestre Bimba, na pesquisa de Costa (2001), também relatou que ele falava que a capoeira por si ó já era aquecimento e desaquecimento. A Regional sofreu inferências de seus praticantes, os quais, por sua vez, sofriam influências da sociedade daquela época. Os métodos de ginástica se enquadram nessa lógica de pensamento, atingindo em conteúdo e forma o trato com esse
conhecimento.
Nunca, ele nunca me ensinou ginástica [...] naquele tempo havia predominância da escola Francesa, que foi introduzida pelo Exército. Então qualquer atividade física era começada por aquecimento; a fase dos exercícios propriamente ditos e tinha a fase de desaquecimento ou de
retorno ao repouso [...] No começo Bimba fazia umas flexões inocentes: levantar a perna, agachar e tal e coisa [...] fazia um aquecimento sumário. A capoeira não depende de aquecimento nem ginástica nenhuma (DECÂNIO, apud COSTA, 2001, p. 33).
Decânio, apud Costa (2001), afirma que ele, juntamente com Cisnando e o Mestre Bimba, conversaram – "sempre a palavra final era do Mestre" – e resolveram que a capoeira não necessitava desses exercícios. Sendo assim, Bimba retoma as aulas de capoeira, em nossa opinião como devem acontecer, através da própria Capoeira. Contudo, posteriormente, podemos perceber que outros mestres da mesma época de Bimba, já no final da década de 60, utilizavam métodos ginásticos para ministrarem aulas de capoeira e descobrimos também que as aulas de Bimba, mais uma vez, foram envolvidas indiretamente por esses métodos.
Possivelmente eu, sem querer, introduzi essa questão da ginástica dentro da capoeira, porque na época eu já era atleta e gostava dessa parte de ginástica e depois em 1969 já comecei dar aula de ginástica e muitos colegas principalmente na aula de 2h e 3h pediam para que eu puxasse a aula. Então, puxar é fazer um aquecimento ali, antes da seqüência e até em
alguns momentos exercícios abdominais, ali. E então Mestre Bimba também nunca questionou essa situação e eu fazia aquelas corridas, levantamento, deita, levanta, corre muda de direção, entendeu? E algumas brincadeiras assim. E eram muito bem aceitas, mas, não com essa intenção também de criar essa expectativa, era uma coisa de forma bem natural, bem
espontânea de solicitação dos amigos ali, etc. Mas, que possivelmente isso acabou criando uma cultura hoje que é muito comum as pessoas fazer o aquecimento até mesmo por conta dos professores de Educação Física quando estão ministrando capoeira sabem da importância do aquecimento (CAMPOS apud COSTA, 2001, p. 32).
Realmente, a Capoeira Regional foi influenciada pela sociedade da época, através dos métodos de ginástica, e mestre Bimba, mesmo não concordando, acabou de um modo ou de outro, permitindo essa interferência, embora esse procedimento retarde a aula propriamente de capoeira.
Todavia já era tarde demais para uma possível retomada dos seus alunos e de outros capoeiristas que ajudaram a divulgar esse tipo de ensinamento da capoeira com exercícios ginásticos. Esse fenômeno extrapola os limiares da capoeira Regional e sua metodologia de ensino. Essas transformações se complicam ainda mais com alguns acontecimentos, como a inclusão, em 1961, da capoeira no currículo de ensino da Polícia Militar do Estado da Guanabara; a institucionalização da Confederação Brasileira de Pugilismo (CBp), em 1992; a oficialização da capoeira como esporte a 26 de dezembro de 1972, por intermédio do Departamento Especial de Capoeira, com regulamentos e normas para sua prática desportiva; a criação da primeira Federação Esportiva de Capoeira, em São Paulo e sua inserção, como já citamos, nas universidades como disciplina dos cursos de Educação Física.
http://www.grupomel.ufba.br/textos/download/monografias/capoeira_trabalho_e_educacao.pdf
Seguindo os rumos para sua institucionalização, enquanto prática disciplinadora e metodizada, fazendo jus ao seu status de arte marcial brasileira, a capoeira, em 1961, é introduzida no currículo de ensino da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e em 1972, foi homologada pelo Ministério da Educação e Cultura como modalidade desportiva. Posteriormente a isso, a Confederação Brasileira de Pugilismo, pelo seu Departamento Especial de Capoeira, baixou o regulamento técnico que norteia a prática da
ResponderEliminarcapoeira-esporte em todos os eventos e graduações oficiais no Brasil tendo por órgãos
responsáveis, em nível estadual, as respectivas Federações.